Quando me
perguntam, numa pequena loja ou grande superfície comercial, se tenho cartão
cliente, cartão de descontos ou as modernas apps para pontos, costumo
perguntar:
“É obrigatório?”
Claro que a
resposta é que não, mas que dá descontos noutras compras, que permite acesso a
promoções, que…
Regra geral não
deixo terminar e respondo que não tenho. E que não quero ter. Por vezes
esclareço que não quero pertencer às bases de dados da loja, mas nem sempre o
digo.
Claro que ficam a
olhar para mim como se eu tivesse um olho bem no meio da testa ou se exalasse
odor a enxofre, mas eu lá concluo o negócio e sigo a minha vida.
Nos tempos que
correm, cada vez mais temos que perder a individualidade e seguir os ditames da
moda, do consumismo, dos protocolos, da uniformidade imposta, em que agir ou mesmo
pensar pela nossa cabeça é quase crime de “lesa-magestade”.
Vem isto a propósito
de um sururu sobre um aplauso que ontem não aconteceu.
Caramba! Um aplauso
é sinónimo de agrado ou apreço. Qualquer outra utilização é hipocrisia.
E, ao que sei,
aplaudir é tão obrigatório quanto um cartão cliente.
Já agora: também só
me levanto da cadeira onde estiver para cumprimentar quem chega se essa pessoa
for merecedora pessoalmente de tamanha deferência da minha parte: um parente próximo
ou amigo querido.
Não é o simples
facto de chegar ou de possuir um cargo que fará com que me levante.
Tal como me faz
sair do sério que quem chega faça questão que eu interrompa o que estou a fazer
(trabalhar com equipamentos, ler ou escrever) apenas para lhes apertar a mão,
ou dar um beijo, ficando parado a meu lado ou à minha frente de mão ou cara
estendida à espera.
Essa presunção de
importância protocolar que faz interromper a vida dos outros porque “EU”
cheguei sempre me fez comichão na sola do pé. Por vezes na biqueira da bota.
By me
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