Durante quase quinze
anos desviei amiúde o meu caminho para ir àquela livraria.
Era um ponto de
encontro fora de série. Ao fim da tarde em lá entrando nunca se sabia se ali se
estaria a falar de literatura, se de pintura, se de filosofia, se de
fotografia, se de teatro, se de cinema, se de política…
Tal como nunca se
sabia com antecipação quem ali estaria de conversa informal, seguindo o rumo
errático das respostas que se ouvissem: se estudante liceal, se universitário,
se pedreiro, se doutor ou se dona de casa…
Perdi a conta à
quantidade de vezes que ali entrei e pedi: “Sr. Augusto: ponha-me a ler!” E
nunca me arrependi dos que me vendeu, depois de me perguntar quais os dois últimos
que havia eu lido.
Temos todos nós
uma dívida do tamanho do mundo para com este Sr. Augusto. Mas isso são história
que a História se encarregará de explicar. Não eu. Mas que de cada vez que nos
encontramos faço questão de lhe agradecer o ter sido um dos que fez o que
fizeram, lá isso faço!
E sinto-me particularmente
honrado por, passada bem mais de uma meia dúzia de anos sem nos vermos, ele se
desvie do seu caminho para conversarmos, sabendo o meu nome e história.
By me
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