quarta-feira, 15 de fevereiro de 2017

O livro



O livro que tenho entre mãos é um nico complexo de ler. Volta e meia, quase que a cada página, deparo-me com termos ou expressões que, pese embora entenda o significado dado o contexto, não conheço com rigor. O recurso a um dicionário, mesmo que on-line, é a solução de alicerçar o conhecimento.
O livro? “Reflexões sobre fotografia eu, a fotografia, os outros” de Gérard Castello-Lopes.
O texto abaixo, menos de meia página, para além de bonito, é um bom exemplo linguístico. E de atitudes.


“O José Cardoso Pires contou-me, um dia, a bela história de uma polícia da Almirante Reis que era um autêntico ferrabrás. Um faia da mesma área administrou-lhe um dia uma sova vingadora e retributiva que logo entrou na lenda e no mito locais. Anos depois, o faia acompanhado de um amigo, encontra de novo o agente, agora velho, alquebrado e muito enfermo. Sentam-se à mesa de um café e o ex-ferrabrás encomenda um copo de leite no que é seguido pelo faia justiceiro. O amigo deste manda vir um bagaço. Conversa acabada, o guarda retira-se e o faia increpa violentamente o amigo pela indelicadeza do seu gesto de beber um bagaço na presença de um inválido. A compaixão que transparece neste banal ritual de café, aparece-me como um belo exemplo de consciência do que é o lugar do outro.”

By me

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