sábado, 1 de agosto de 2015

Saudação



Eu tenho um sobrinho.
Em boa verdade, tenho vários sobrinhos, mas para o caso consideremos apenas este.
Ao longo dos anos, e quando a ocasião, as agendas e as vontades coincidem, tenho-o desafiado para actividades que sei que de outro modo não faria. Nada de desportos radicais ou quejandos, que não são o que faço, mas outras que sei que não faria não fora ser desafiado pelo tio.
Há uns anos valentes, andava ele na primária, e fomos dar uma volta, cá no bairro.
Ao atravessarmos uma passadeira de peões, sem semáforos, perguntou-me ele porque agradecia eu a passagem ao carro que parava e a cedia, quando nós, ali, tínhamos a prioridade.
Lá lhe expliquei que não tinha a obrigação de o fazer, mas que sempre seria simpático fazê-lo. Que satisfaria o condutor, incitando-o a fazer o mesmo noutra ocasião. E que fazer um gesto simpático e um sorriso, pelo menos uma vez por dia, nos faz ficar mais bem dispostos.
Ouviu-me com a atenção de quem ouve a resposta a uma pergunta e não me recordo se terá respondido.
Recordo, antes sim, que uns seis meses depois, num trajecto semelhante, o vejo fazer o mesmo. Sem que nada tenhamos voltado a falar sobre o tema.
Fiquei na dúvida se o faria para imitar o tio, presente que estava, se porque entendera a mensagem e a assumira como válida.
A minha surpresa não teve limites quando, há uns tempos e muitos anos depois deste episódio, o vejo fazer equivalente.
Não o levar a mão à pala do boné, até porque não o usa, mas fazendo um discreto mas inconfundível aceno de cabeça para o condutor que parara na passadeira para nos deixar passar.


Às vezes não é preciso muito!

By me

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