segunda-feira, 22 de dezembro de 2014

Manifesto





Há dez anos que sou bloguista. Ou, se preferirem, photocronista, que é como gosto de me intitular.
Escrever uns textos, um pouco mal-amanhados, acompanhados por umas fotografias de muito duvidosa qualidade. Ou rigorosamente o contrário: escrever sobre fotografias toscas palavras mal-arrumadas.
Aquilo que começou por uma brincadeira cedo evoluiu para algo de mais sério, sempre com algum fundo para ser lido ou entre-lido, para além das letras ou riscas de luz que exibo.
De início usei um servidor de blog que já fechou. Reabriu, entretanto, com o mesmo nome e outros donos e filosofias. Coisas da net e dos negócios.
Em qualquer dos casos, nesse servidor mantive dois espaços distintos. Bem distintos.
Um intitulava-se “Pedaços de que gosto”, o outro “O que mais gosto na televisão são os pássaros nas antenas”. Esta frase não é minha, mas adoptei-a.
Diferiam um do outro nos conteúdos. Se no primeiro fazia questão de publicar coisas positivas, bons exemplos, textos e/imagens agradáveis e reconfortantes, no segundo contava aquilo que me incomodava, aquilo que criticava, aquilo que condenava.
Os tempos passaram, mudei de plataformas e, agora, uso esta (e mais duas, que os públicos são diferentes) passei a misturar o agradável com o desagradável, o bonito com o feio, por vezes sem que eu faça a classificação. Fica ao critério de quem lê fazê-la.
Tal como mudaram os suportes fotográficos e caligráficos que uso, fruto da modernidade, de algum conservadorismo e rapidez de resultados.

O que não mudou, isso garanto, é a minha enorme dificuldade em inventar situações. Entendo que a realidade ultrapassa em muito e por muitos lados aquilo que sou capaz de criar e há muito que desisti de o tentar. Limito-me a deixar que as emoções sobrevenham em torno do que assisto ou oiço, fazendo um registo mental e, mais tarde, traduzir isso mesmo para letras e luz.
99% do que encontrarem aqui contado é verdade. As situações são verdade, as fotografias são verdade, mesmo que não correspondam, por inteiro às palavras ou vice-versa.
Não sou um fotógrafo, não sou um escritor. Sou, quanto muito, um photocronista, ou cronophotógrafo, que se limita a dar corpo ao mundo que o cerca.
Deixo para os artistas a invenção e a criatividade. 

By me

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