sábado, 8 de novembro de 2014

Velocidades



Uma ocasião tive uma disputa séria com o director de um curso profissional.
Queria ele que em quinze horas, cinco manhãs, preparasse eu um grupo de adultos para o exercício do meu ofício.
Claro que o tempo era muito menos que escasso, mas o que se lhe seguiria poderia colmatar essa falha. Mas o que me custava era o facto de serem cinco dias consecutivos.
Isto porque de um dia para o outro não há tempo para amadurecer ideias, consolidar conceitos, fazer pesquisas, criar dúvidas.
Seria um descarregar de conhecimentos, essencialmente teóricos que, em chegando ao fim, mais não estaria que “colados com cuspo”. Quase que inúteis.
Acabei por ficar vencido na discussão. Com os resultados, esperados, que hoje conheço.

Efectivamente, o conhecimento, o saber, não é algo que se adquira como quem come uma refeição num fast-food. Há que ser digerido, interiorizado, consolidado. Há que dar tempo para que se pratique ou medite no ouvido, visto ou feito, para que deixe de ser um mero papaguear e passe a ser algo enraizado.
Nos tempos que correm é o que mais se oferece e o que mais se procura: conhecimento rápido! Qual é botão em que carrego, o que é que devo fazer, como devo agir.
Os porquês de tais actividades, a solidez de tais saberes, a capacidade de juntar dois factores e encontrar um terceiro… dá trabalho, é dispendioso e moroso.
Os formadores procuram lucros rápidos, os formandos aprendizagens rápidas, os fabricantes vendas rápidas.


No entanto… as coisas boas da vida fazem-se devagarinho.

By me 

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