segunda-feira, 17 de novembro de 2014

Histórias do tempo que fez



Foi uma das coisas que me entusiasmou no liceu, pese embora nunca ter seguido esse ramo: a disciplina de geografia e a forma como o clima influencia os povos e os seus relacionamentos.
Recordo de ter aprendido os nomes dos diversos tipos de vento e nuvens, de ter aprendido a interpretar uma carta meteorológica, com as suas curvas isobáricas, do que eram centros de alta e baixa pressão…
Depois… bem, depois a vida deu muitas voltas e outros aspectos do ser humano me interessaram bem mais que ventos e marés.
Mas nunca deixei de prestar atenção aos boletins meteorológicos na TV ou nos jornais. Talvez que a tentação natural de adivinhar o futuro.
A vida deu mais voltas e tive o especial privilégio de fazer parte das equipas que levavam a casa dos portugueses essas previsões.
Primeiro desenhadas a giz num quadro verde onde o mapa estava impresso, depois com outras inovações técnicas de aspecto e forma. Ainda por aqui tenho o que sobrou depois de se deixar de usar o quadro com magnetes, muito mais rápido de preparar para ir para o ar.
Mas, e se de todo este meu interesse e atenção sobrou algo, foi a simpatia de quem nos contava afavelmente aquilo que antevia para o dia seguinte, com as explicações fáceis do porquê o prever.
Um deles, entre muitos, Anthímio de Azevedo. Científico, preciso, mas claro e sempre de bom humor, mesmo quando as coisas não corriam bem (e muitas vezes assim foi).

Há uns dias (e já não me lembrava dele há anos e só por falta de motivo para tal) recordaram-mo de um modo insólito.
Procuro eu um livro de banda desenhada da colecção “Falcão” para ofertar. A particularidade é ter que contar uma história do Major Alvega. Talvez que os mais antigos se recordem desse piloto-aviador luso-britânico que tinha as aventuras mais rocambolescas mas quase verosímeis aos comandos de um Spitfire contra os aviões dos maus nazis. E o que lhe acontecia em terra, caso fosse abatido atrás das linhas inimigas.
Lá na minha rua, era eu puto, era o nosso herói. E fizemos luto no dia em que saiu um número da revista contando como tinha ele morrido. Doeu-nos!
Creio que perdemos boa parte da nossa ingenuidade quando, semanas depois, saiu mais uma revista com uma história nova.
Em qualquer dos casos, soube por um alfarrabista que quem traduziu os textos e baptizou o herói foi Anthímio de Azevedo que, ao que parece, também fazia trabalhos de tradução.
A personagem original, Inglês, tinha o nome de Batller Briton. Muito pouco vendável em terras lusas.
Havendo que o nomear mais de acordo com o nosso público, foi escolhido o nome de Jaime Eduardo de Cook e Alvega. “Cook” dá-lhe o toque britânico. Dos dois primeiros nem desconfio o porquê. O engraçado é que “Alvega” foi escolhido por ser a terra natal do tradutor, Anthímio de Azevedo.

Fica um pequeno detalhe de um tempo que não se refere a nuvens mas que andava bem lá por cima nos céus.

Como estará agora, talvez, Anthímio de Azevedo.

By me 

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