sábado, 21 de junho de 2014

Celebrações



Espreito p’la janela e constato que o primeiro dia de Verão começa assim: farrusco, com uma aragem que, gentilmente, me impede o meu hábito despudorado de cuscar o dia como saí da cama. Em regra, nuzinho da silva.
Não será isto, no entanto, que me impedirá de fazer a minha celebração. Que hoje é dia de celebração. Argumento eu, apesar dos olhares irónicos ou de desistência intelectual de muitos, que hoje é um dos quatro feriados mundiais.

Não importa a cultura, o tempo, a geografia. O dia de hoje – Solstício – acontece em todos os recantos do planeta. O de Verão no hemisfério norte ou de Inverno no hemisfério sul, o outro Solstício em Dezembro, oposto a este, e os Equinócios, da Primavera e do Outono, em Março e Setembro.
E estas datas e a sua importância têm sido reconhecidas em tudo quanto é sítio e através dos tempos, mesmo muito antes de a civilização humana ter aprendido a escrever. O mais curto, o mais longo e os iguais foram tão importantes em tempos de antanho que, mesmo sem engenhos complexos, os nossos antepassados lhes ergueram monumentos bem complexos. Uns aqui, outros ali, mas sempre referenciando os quatro principais dias do ano. Os feriados mundiais.
A importância tem sido tal, ao longo dos milénios, que muitas foram as teologias que se apropriaram das datas, transferindo para elas outros significados que não os da rotação e translação terrestre.
E não nos enganemos: ainda o Homem não era sequer um projecto de vida e já os Solstícios aconteciam; quando do Homem já nem a memória existir, e os Equinócios continuarão a acontecer.


Portanto: se alguma data importante existir, esta é uma delas. Que eu tenciono celebrar, na exacta medida da minha insignificância ou enormidade nesta coisa complexa a que chamamos de Universo.

By me 

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