quarta-feira, 13 de março de 2013

Contradições matinais




Nas traseiras de minha casa há um baldio. Grande, está urbanizado com arruamentos de terra batida e esgotos instalados. Prevê-se que venha a ser objecto de construções, algures este século. Ainda que eu prefira que seja no próximo. Honestamente.
Isto porque o espaço assim aberto não está nem desabitado nem desocupado. É ele usado por quem vai praticar exercício físico, ciclismo, jogos de bola, aeromodelismo, passear o cão e, no meu caso, em busca de insectos e florzinhas para fotografar. Quando as ervas e árvores forem substituídas por betão e automóveis, tudo isso desaparece.
Mas, e para além dos utilizadores ocasionais ou regulares deste baldio e dos residentes citados, há duas famílias que me dão muito prazer que por ali habitem: dois casais de patos que usam um charco ali existente como mansão e jardim.
Nos fins de tarde e se por ali estiver, vejo-os chegar, um casal à vez ou os quatro em formação. E, se apesar de as minhas janelas não estarem viradas para este lado, o tempo estiver de feição, oiço-os a grasnar também ao fim do dia. Uma alegria!
Hoje, a caminho da estação de onde seguiria para o trabalho, outra alegria.
Vejo um dos casais, a uns bons 500 metros de onde nidificam, calmamente a pequeno-almoçar num erval na beira do caminho por onde passo. Completamente fora do usual.
Ainda que tempo não abundasse, quedei-me por ali um nico, vendo-os a tratar da vida e fazendo por não me meter na deles. E sendo certo que a minha câmara de bolso nada de jeito conseguiria fazer àquela distância, nem isso tentei.
Afastei-me, deixando-os a fazer o que estavam quando cheguei: um a tasquinhar, ou outro a vigiar.
Mas, uns cinquenta metros mais abaixo, não pude ficar quieto. Não fui a tempo de registar a senhora que passou antes e em sentido inverso empurrando o carrinho de bebé. Fiquei-me por isto, com o mesmo impacto.
Pode o dono desta viatura agradecer ao meu bom-humor matinal, provocado pelos alados vizinhos e o seu repasto, o não ter ficado com recordações minhas no belo do popó.
Resta-me a esperança que a patrulha da PSP que encontrei já junto à estação e a quem relatei o caso, tenha feito o que me disse que iria fazer e aqui deixe um belo “cartão de visita”.
E, apesar de esta história ter sucedido à dos patos, estes conseguiram deixar-me uma bem maior marca para o início e resto de dia. Bem agradável, por sinal. Que a sua invulgaridade e aparente calma no que estavam a fazer contrastaram e em muito com a banalidade da falta de civismo de alguns dos meus concidadãos.

By me 

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