sexta-feira, 14 de dezembro de 2012

O santo




Quisesse eu ser aldrabão, e diria que é assim que está a Praça de Alvalade, em Lisboa. Mas mentiria.
Que a esta hora da madrugada – 6 da manhã -  o sol ainda não começou a mostrar o que vale, mesmo que por cima das nuvens, não há tanto - se algum - trânsito, os escritórios estão apagados e, por via de economias o município terá dado ordens para que as luzes natalícias funcionem apenas até à meia-noite.
Efectivamente, esta imagem foi feita ontem pelas 5 e tal da tarde.
E é bem curioso de constatar que este é o local onde estas luzinhas da época mais vistosas são neste bairro. Curioso, digo eu, por encontram-se precisamente num sítio por onde poucas pessoas passam a pé, ainda que o trânsito possa ser intenso em hora de ponta.
Esta placa central, junto à estátua do Santo António, quase tão velha quanto eu, é árida e deserta, sendo frequentada apenas por quem a limpa e por quem, de quando em vez, coloca umas flores junto do santo, suponho que a pedir um qualquer milagre.
Mas tem razão quem assim procede. Que só mesmo um milagre transformará estas luzes, que me apetece chamar de pindéricas mas que só posso intitular de pobrezinhas, possam servir para alegrar corações nesta quadra ou mesmo que funcionem como chamariz ao comércio local, levando os transeuntes a aqui gastarem o pouco que têm numa festa em honra do consumismo.
Porque, e não nos enganemos, o Natal hoje e para a maioria dos Portugueses, já pouco tem de religioso. Nem sei mesmo quantas voltas dará no túmulo o tal de Santo António, ao ver a sua própria imagem assim, e por estes motivos mercantilistas, iluminada.

E eu, que nada ligo nem à religiosidade nem ao consumismo da quadra, fiz a fotografia quase que por acaso, que por ali ia passando, com recurso a uma câmara de bolso e a uma corrente de autoclismo.

By me 

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