sábado, 29 de dezembro de 2012

Honestidade




Saí do comboio já passava um bom pedaço das onze da noite. Fresca, a noite não estava fria, pelo que me deixei ficar um pouco ali, no largo da estação, fumando um cigarro antes de iniciar o caminho até casa.
Neste entretém fui olhando a lua, cheia, que brincava às escondidas com nuvens pesadas. Bonito de ver!
Sou então abordado por dois casais. Africanos, daquele tipo de africanos que nos leva a perguntar se a pele não será já azulada.
Mal falavam português, que o criolo seria a língua nativa. Mas uma delas soube interpelar-me para me perguntar se eu ali morava e onde ficava a igreja.
Disse-lhe que há duas e que me parecia que a maior seria a mais importante. Isto apesar de eu não frequentar a igreja.
Os olhos delas abriram-se quase até ao tamanho da lua e as pálpebras jogaram às escondidas com eles.
Olhou-me de alto a baixo, desconfiando de alguém que não fosse à igreja, mas lá aceitou, como os outros, as indicações para lá chegarem, em atravessando para o outro lado da linha.
Ser honesto nem sempre é uma recomendação, foi a conclusão a que cheguei.

E, claro, não estavam à espera que aqui pusesse uma fotografia deles, pois não? E, sendo que a lua hoje está tímida, fica uma de outra noite, bem mais descarada.

By me 

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