sábado, 9 de julho de 2016

A proporção aurea



Foi publicado há dias um número especial da revista National Geographic: este, dedicado à proporção áurea.
Não sei o suficiente de matemática para questionar o que nele vem escrito. E, em qualquer dos casos, tenho por verdade que esta revista não publica embustes, pelo que os seus artigos são sempre de ler com atenção.
Assim, e para quem queira ir um bom pedaço mais longe na origem e utilização do phi, Ф, recomendo a leitura. Tal como recomendo a leitura para quem queira ir mais longe na sua utilização em termos estéticos.

Neste campo, no entanto, gostaria de ressalvar dois ou três aspectos não referidos nos textos:
Por um lado que o número Ф surgiu originalmente pela observação da natureza e constatação desta constante em diversas circunstâncias naturais. E, sendo certo que os antigos matemáticos também eram filósofos, teólogos, cientistas e o que mais houvesse, deduziram que esta proporção assim acontecendo era uma manifestação divina.
E nós, pobres humanos, se queremos aproximarmo-nos das perfeições dos deuses, devemos usar o que de bom eles nos mostram ou ensinam. A proporção áurea, ou Ф, é uma dessas perfeições.
Por outro lado, gostaria de deixar bem claro que se o número Ф fosse uma perfeição tão completa e absoluta, muitas seriam as culturas humanas, ao longo dos tempos e das evoluções, que a teriam usado para além das vertentes matemáticas. E isso não aconteceu ou acontece.
Se procurarmos em civilizações que não tenham a antiga Grécia ou a antiga Roma na sua génese, constatamos que o Ф não consta da sua estética, nem nas realizações arquitectónicas nem nas pictóricas. As relações entre os diversos volumes de edifícios seculares ou religiosos não obedecem a Ф. As proporções entre os lados de quadros ou telas não são Ф. A organização dos diversos elementos dentro de um quadro ou desenho não são em função de Ф.
Por outro lado ainda, se a utilização de razões ou algoritmos fosse a chave para a criação de obras-primas, no último meio século, e com o advento dos computadores, o ser humano bem que se poderia dedicar à pesca, que as máquinas tratariam da arte.

Deduz-se assim que a proporção áurea, ou Ф, sendo uma proporção ou número importante na matemática, não é uma verdade absoluta, universal ou intemporal.
O querer impor a sua utilização como forma perfeita nas criações artísticas é, para além de uma ditadura (coisa pouco consentânea com arte), um absurdo.
Para mim, no que concerne à representação pictórica em geral e à fotografia em particular, bem mais importante que qualquer proporção áurea ou regra dos terços, será o equilíbrio (ou desequilíbrio) entre formas, luzes, cores, significados, que transmitam o que o autor quis contar.
O resto são normas culturais, válidas apenas em algumas zonas do globo e parcialmente castrantes.

Em qualquer dos casos, sugiro a leitura da revista.


By me

2 comentários:

Anónimo disse...

Sugiro que estudes a chamada geometria sagrada. Tudo o q o homem construiu viu na natureza.

Anónimo disse...

Sugiro que estudes a chamada geometria sagrada. Tudo o q o homem construiu viu na natureza.