Foi publicado há
dias um número especial da revista National Geographic: este, dedicado à
proporção áurea.
Não sei o
suficiente de matemática para questionar o que nele vem escrito. E, em qualquer
dos casos, tenho por verdade que esta revista não publica embustes, pelo que os
seus artigos são sempre de ler com atenção.
Assim, e para quem
queira ir um bom pedaço mais longe na origem e utilização do phi, Ф, recomendo a
leitura. Tal como recomendo a leitura para quem queira ir mais longe na sua
utilização em termos estéticos.
Neste campo, no
entanto, gostaria de ressalvar dois ou três aspectos não referidos nos textos:
Por um lado que o
número Ф surgiu originalmente pela observação da natureza e constatação desta
constante em diversas circunstâncias naturais. E, sendo certo que os antigos
matemáticos também eram filósofos, teólogos, cientistas e o que mais houvesse,
deduziram que esta proporção assim acontecendo era uma manifestação divina.
E nós, pobres
humanos, se queremos aproximarmo-nos das perfeições dos deuses, devemos usar o
que de bom eles nos mostram ou ensinam. A proporção áurea, ou Ф, é uma dessas
perfeições.
Por outro lado,
gostaria de deixar bem claro que se o número Ф fosse uma perfeição tão completa
e absoluta, muitas seriam as culturas humanas, ao longo dos tempos e das evoluções,
que a teriam usado para além das vertentes matemáticas. E isso não aconteceu ou
acontece.
Se procurarmos em
civilizações que não tenham a antiga Grécia ou a antiga Roma na sua génese,
constatamos que o Ф não consta da sua estética, nem nas realizações arquitectónicas
nem nas pictóricas. As relações entre os diversos volumes de edifícios
seculares ou religiosos não obedecem a Ф. As proporções entre os lados de
quadros ou telas não são Ф. A organização dos diversos elementos dentro de um
quadro ou desenho não são em função de Ф.
Por outro lado
ainda, se a utilização de razões ou algoritmos fosse a chave para a criação de
obras-primas, no último meio século, e com o advento dos computadores, o ser
humano bem que se poderia dedicar à pesca, que as máquinas tratariam da arte.
Deduz-se assim que
a proporção áurea, ou Ф, sendo uma proporção ou número importante na matemática,
não é uma verdade absoluta, universal ou intemporal.
O querer impor a
sua utilização como forma perfeita nas criações artísticas é, para além de uma
ditadura (coisa pouco consentânea com arte), um absurdo.
Para mim, no que
concerne à representação pictórica em geral e à fotografia em particular, bem
mais importante que qualquer proporção áurea ou regra dos terços, será o equilíbrio
(ou desequilíbrio) entre formas, luzes, cores, significados, que transmitam o
que o autor quis contar.
O resto são normas
culturais, válidas apenas em algumas zonas do globo e parcialmente castrantes.
Em qualquer dos
casos, sugiro a leitura da revista.
By me
2 comentários:
Sugiro que estudes a chamada geometria sagrada. Tudo o q o homem construiu viu na natureza.
Sugiro que estudes a chamada geometria sagrada. Tudo o q o homem construiu viu na natureza.
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