sexta-feira, 1 de julho de 2016

Do sobre a utilização da imagem fotográfica – parte 12



Volta e meia falo disto: de como os revoltosos da Comuna de Paris se deixaram fotografar nas barricadas, orgulhosos do que faziam e lisonjeados por serem objectos de fotografia (segunda metade do séc. XIX) e de como, em falhada a revolta, as polícias revistaram os arquivos dos fotógrafos em busca dessas mesmas imagens, que usaram para identificar e executar quem tinha enfrentado o poder instituído.
E falo nisto não apenas pelo significado político da Comuna, então e agora, como pelas consequências do fotografar ou ser-se fotografado. E a fotografia, não sendo partidária, não é apolítica, tomando sempre posição: a posição ou perspectiva do fotógrafo face ao que fotografa.
Pois fiquei agora a saber que também Portugal não escapou aos ventos da Comuna ou à fotografia.
Estabeleceu-se em Portugal um fotógrafo francês, Alfred Fillon, como refugiado político. Regressou a Paris para retomar os seus discursos e lutas socialistas, acabando por regressar a Lisboa na sequência do falhanço da Comuna de Paris.

Perguntar-me-ão sobre a utilidade do saber-se o acima contado.
Bem, tenho para mim que a riqueza não se mede em dinheiro ou em bens que ele permita mas antes na imaterialidade daquilo que sabemos e podemos usar ou fazer a partir desse saber.

Na imagem: uma das fotografias feitas durante a Comuna de Paris.

Repare-se na importância atribuída à fotografia: um dos presentes faz questão de segurar à sua frente uma pequena criança, que haveria de constar em tal momento especial.

By me

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