Volta e meia falo
disto: de como os revoltosos da Comuna de Paris se deixaram fotografar nas
barricadas, orgulhosos do que faziam e lisonjeados por serem objectos de
fotografia (segunda metade do séc. XIX) e de como, em falhada a revolta, as polícias
revistaram os arquivos dos fotógrafos em busca dessas mesmas imagens, que
usaram para identificar e executar quem tinha enfrentado o poder instituído.
E falo nisto não
apenas pelo significado político da Comuna, então e agora, como pelas consequências
do fotografar ou ser-se fotografado. E a fotografia, não sendo partidária, não é
apolítica, tomando sempre posição: a posição ou perspectiva do fotógrafo face
ao que fotografa.
Pois fiquei agora
a saber que também Portugal não escapou aos ventos da Comuna ou à fotografia.
Estabeleceu-se em
Portugal um fotógrafo francês, Alfred Fillon, como refugiado político.
Regressou a Paris para retomar os seus discursos e lutas socialistas, acabando
por regressar a Lisboa na sequência do falhanço da Comuna de Paris.
Perguntar-me-ão sobre
a utilidade do saber-se o acima contado.
Bem, tenho para
mim que a riqueza não se mede em dinheiro ou em bens que ele permita mas antes
na imaterialidade daquilo que sabemos e podemos usar ou fazer a partir desse
saber.
Na imagem: uma das
fotografias feitas durante a Comuna de Paris.
Repare-se na importância
atribuída à fotografia: um dos presentes faz questão de segurar à sua frente
uma pequena criança, que haveria de constar em tal momento especial.
By me
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