Teria uns sete ou
oito anitos.
Irrequieta e
palradora, acabou por vir sentar-se no banco onde eu estava, dizendo que também
queria uma fotografia.
Não era o momento,
que o mestre fotógrafo estava a cuidar de outras fotografias, nem era a vontade
da mãe, creio que pelo preço.
Em qualquer dos
casos ficámos os dois de conversa, ela muito “crescidinha”, eu a ver o que dali
sairia.
A certa altura
diz-me ela:
“O senhor tem uma
grandes barbas, como o meu avozinho que já morreu. E ele também tinha uma
grande pança.”
A mãe, que por
perto ouvia a pequena, ficou sem saber o que dizer nem o para onde olhar.
Já eu, honrado
pela comparação e sem querer estragar aquela bonita memória, disse-lhe que a
barba é deixar só crescer e a pança é difícil de dominar.
Um nico depois
levantou-se ela, muito senhora de si, e foi espreitar os gestos mágicos do photógrapho.
E eu deixei-me
ficar sentado onde estava, cansado de um dia particularmente longo, e a tentar
perceber se ainda serei fotógrafo ou se já terei passado à categoria de
fotografia.
A mãe da catraia,
bonita que era e, reparei então, vestida de preto, sorria discreta ainda no
mesmo lugar.
By me
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