sábado, 23 de julho de 2016

Fantasmas



Num ambiente de pintura, vídeo, fotografia, instalações, performances e outras intervenções, acabo por estar de conversa com uma Italiana. Primeiro só com ela, depois também com uma sua amiga.
Balzaquianas artistas, pese embora a aparente incompatibilidade dos termos, a língua comum foi o inglês, ainda que a segunda pouco o dominasse.
A dado passo, e numa inspiração de momento fruto do rumo da conversa, disse-lhes que havia fotografado fantasmas, num jardim em Lisboa.
Os seus olhos abriram-se, quais portas de hangar, e eu, para reforçar o dito, recorri ao telele e às fotografias que tenho on-line.
Uma. E outra. E ainda outra.
E os seus olhos abriam-se. E abriam-se. E abriam-se quase para além do limite.
Tive que arrepiar caminho e explicar-lhes o como havia fotografado os fantasmas do jardim. A que místicas havia recorrido e de que técnicas fotográficas me havia socorrido.
Ficaram mais aliviadas. Mas na meia hora que ainda nos partilhámos por ali, no meio daqueles edifícios mais velhos que as idades de três, quatro ou mesmo cinco de nós somadas, ficaram a olhar meio de lado para mim.
Não creio que alguma vez venha eu a saber se acreditaram na primeira parte da conversa se na segunda.

Nem sei mesmo se não estariam à espera que, numa qualquer invocação, eu fizesse surgir algum de entre aquelas pedras vetustas.

By me 

Sem comentários: