A minha memória para nomes nunca foi boa e, com o tempo, não
melhora. Aliás, de manhã tenho que repetir para o espelho “este é o JC”, só
para garantir que não esqueço.
Mas para outras coisas, ela é perfeita, ou muito perto
disso. Um desses casos é o que acontece com estes objectos.
Encontrei este cálice numa montra de uma loja de velharias
em Sintra. Dizia um cartaz na montra que eram doações e que o lucro revertia para uma associação de apoio a animais
abandonados. Nunca quis discutir o negócio. Mas achei graça ao objecto e fui
por ele.
Se bem recordo pediam 3 euros por ele e não me fiz rogado. Percebendo
que tinham cliente, apresentaram-me duas taças: esta e uma outra em aço polido.
Não faziam pandam perfeito, mas por oito euros (a de aço veio por dois e sei
isto porque ainda têm as etiquetas) não as quis deixar.
Pese embora não tivesse utilidade imediata, o simples
desafio de as fotografar seria suficiente. E o imaginar que poderiam ter feito
parte de um altar de uma capelinha de uma quinta dá-lhes outro valor. Emocional
ou não.
O negócio aconteceu há mais de dez anos e ainda me recordo
dele. E não deixo de passar por aquela montra, não vá encontrar algo com a
mesma utilidade para mim que estes cálice e taça.
A minha sorte é que, das muitas inutilidades que tenho vindo
a comprar para fotografar, algumas primam pela raridade, que não pelo valor,
pelo que as tenho vindo a conservar e, de quando em vez e em mexendo em caixas
e sacos, dou com elas.
Ou, em tendo um texto ou ideia geral para ilustrar, vou por
elas, algures no meio de muitas outras.
Claro que há sempre o prazer imenso de as fotografar ou, por
outras palavras, escrever com luz. Mas isso é outra história.
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