quarta-feira, 19 de março de 2025

Uma questão de memória




A minha memória para nomes nunca foi boa e, com o tempo, não melhora. Aliás, de manhã tenho que repetir para o espelho “este é o JC”, só para garantir que não esqueço.

Mas para outras coisas, ela é perfeita, ou muito perto disso. Um desses casos é o que acontece com estes objectos.

Encontrei este cálice numa montra de uma loja de velharias em Sintra. Dizia um cartaz na montra que eram doações e que o lucro revertia  para uma associação de apoio a animais abandonados. Nunca quis discutir o negócio. Mas achei graça ao objecto e fui por ele.

Se bem recordo pediam 3 euros por ele e não me fiz rogado. Percebendo que tinham cliente, apresentaram-me duas taças: esta e uma outra em aço polido. Não faziam pandam perfeito, mas por oito euros (a de aço veio por dois e sei isto porque ainda têm as etiquetas) não as quis deixar.

Pese embora não tivesse utilidade imediata, o simples desafio de as fotografar seria suficiente. E o imaginar que poderiam ter feito parte de um altar de uma capelinha de uma quinta dá-lhes outro valor. Emocional ou não.

O negócio aconteceu há mais de dez anos e ainda me recordo dele. E não deixo de passar por aquela montra, não vá encontrar algo com a mesma utilidade para mim que estes cálice e taça.

A minha sorte é que, das muitas inutilidades que tenho vindo a comprar para fotografar, algumas primam pela raridade, que não pelo valor, pelo que as tenho vindo a conservar e, de quando em vez e em mexendo em caixas e sacos, dou com elas.

Ou, em tendo um texto ou ideia geral para ilustrar, vou por elas, algures no meio de muitas outras.

Claro que há sempre o prazer imenso de as fotografar ou, por outras palavras, escrever com luz. Mas isso é outra história.

Pentax K1 mkII, Tamron SP Adaptal2 90mm 1:2,5

By me

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