Encontrei estes dois numa loja de objectos de vidro, em
Lisboa.
Fui a ela de propósito, por via de um galheteiro que me
convencesse, mas nada me prendeu a atenção.
Excepto estes frascos. Caiu-me em cima um manto de nostalgia
que me fez retroceder muitos anos, aos meus tempos de catraio. Na casa de
família havia-os iguais, no formato e cores de tampa mas francamente maiores,
talvez com o triplo da capacidade. O que não estranho, já que éramos seis
sentados à mesa todos os dias.
Tinham, ou têm, uma característica que hoje é francamente
rara de encontrar: a robustêz. Vidro grosso, capaz de não se importar se
escorregar das mãos e embater na pedra do balcão ou pia. Os de hoje, por
bonitos que sejam, ficam logo lascados ou mesmo em cacos com pequenos
acidentes.
Na época em que os recordo, esses acidentes não poderiam
acontecer, que a substituição custava dinheiro. E esse não abundava. Além do
mais, aquilo que se guardava nestes frascos eram comprado a granel e pesado no
balcão da mercearia ou venda, não havendo sacos de plástico onde pudessem ser
guardados em casa. Na melhor das hipoteses, ficaria nos cartuchos de papel
pardo riscado onde era transportado para casa, com o topo fechado e dobrado e
um cordel a garantir que não se abriam.
Esperaram eles, os frascos, que tivesse inspiração para a
fotografia e as palavras já aqui andassem a bailar. Foi hoje, nesta viagem aos
meus tempos de catraio, que os estreei com recheios apropriados à forma, função
e memória.
Pentax K1 mkII,
Tamron SP Adaptal2 90mm 1:2,5
By me
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