terça-feira, 28 de agosto de 2018

Éticas



Vejamos as coisas desta forma:
Existem, basicamente, três tipos de audiovisual: Ficção (ou entretenimento), documentário e informação.
Na primeira categoria cabe tudo e mais um par de botas. Podem ser contadas todas as estórias e histórias que, forma e conteúdo, são entendidos como ficção pelo público. Não há enganos nem tentativa de enganos.
Na segunda categoria contam-se histórias usando alegorias. As imagens e/ou sons podem não corresponder aos factos que se querem contar. Mas estes, os factos, são verdadeiros. Aquela história aconteceu mesmo e os sons e as imagens são ilustrações interpretativas. Quem vêm um documentário sabe-o e não toma por verdadeiro o que vê ou ouve. Sabe que são alegorias, sendo que podem ou não corresponderem aos factos. Narrados. 
A terceira categoria é rigorosa. Não é passível, legal ou eticamente, de serem introduzidos sons ou imagens em informação que não sejam reais. São interpretadas como tal, são contadas como tal e a fidelidade ao real é o factor primordial para a credibilidade. 
É com base nisto que alguns jornais, rádios e televisões são credíveis e o que noticiam é tomado ao pé da letra. E é com base nisto que alguns jornais, rádios ou televisões têm o cognome de “treta”, não sendo credível o que nos contam.
Note-se que este conceito de credibilidade é válido na forma e no conteúdo. Na história que é contada e na forma como é contada. Um audiovisual feito como verdade mas que seja apenas meia-verdade no relato, meia-verdade nos sons, meia-verdade nas imagens é embuste, é uma quebra de ética, punível ou não por lei.
Faço muita questão que naquilo que faço e que aqui vêem, bem como naquilo que faço e que aqui não vêem, as águas estejam bem separadas:
Ficção é ficção, documental é documental, informação é informação. 

Mas sabemos, infelizmente, que a ética é como a palavra de honra: fora de moda, arcaica, algo que consta dos romances de cordel ou não, que os nossos avós tinham por importante, que alguns se esforçaram por escrever a esse propósito, mas que não é conforme a interesses económicos e, muito menos, tem cabimento em mentes de arrivistas interesseiros.
Gostava de ter uns três ou quatro milhares de livros sobre ética no audiovisual. Para os deixar cair, todos de uma vez, em cima de algumas cabecinhas pensantes ou executantes da treta.

By me

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