sábado, 25 de agosto de 2018

Cegueiras



Recorda-me um post que li ainda agora um romance de ficção científica que li há muito.
Uma espécie de seres comedores de humanos havia cruzado as teias do tempo de universos paralelos, para conseguir reunir os “rebanhos”. Os heróis foram parar a uma sociedade rural e vitoriana, onde foram acolhidos como viajantes perdidos pela elite local.
Durante o jantar de recepção, os empregados de mesa despiram-se até à nudez integral e, calmamente, retiraram todas as jóias dos comensais, sem que estes esboçassem um só gesto de protesto.
Na manhã seguinte foram os heróis acusados de roubo e perseguidos pela turba enfurecida. Em desespero, lembrou-se um de uma solução estranha: mandou os amigos despirem-se até à nudez total. E a turba passou por eles como se ali não estivessem.
Explicou ele, depois, que naquele espaço/tempo a nudez era tão censurada que atingiu o ponto de não ser sequer perceptível. Pelo que os nativos não eram capazes de ver quem estivesse despido. O bloqueio moral assim os condicionava.
Nos nossos dias, apesar da democratização do saber através dos média e das webs, acontece o mesmo: os preconceitos morais, políticos, desportivos ou outros, conduzem à cegueira de quem os segue, impossibilitando a visão global do mundo que nos cerca.

By me

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