quarta-feira, 29 de julho de 2015

Um clássico



O cenário é um clássico em Lisboa, tal como a pose.
E sendo certo que não poderia registar os intervenientes ou mesmo o local do episódio, como se verá, optei por isto.

Foi na entrada lateral do jardim da Gulbenkian.
Vinha eu com calma pelo passeio estreito e veja um agente da PSP dirigir-se a um carro, pequenito, e dizer pela janela:
“Olhe que tem que ter cuidado! Já é a terceira vez que bate nesse carro. Devagar, mas bate. Tem que prestar atenção aos sensores!”
Achei graça à chamada de atenção e deixei-me ficar.
A conduzir o carro uma senhora, trintona, com “phones” nos ouvidos, tentava estacionar num lugar, longitudinal, onde caberiam dois Smarts como o dela. E que ela não estava a conseguir.
E ainda acrescentou o guarda:
“Dos auscultadores já falamos!”
Saiu ela do carro, fechando-o, e foi falar com ele, já do outro lado da estreita rua. Não sei que falaram, mas ela afastou-se em passo rápido, como quem vai atrasado para alguma coisa.
Um homem, que ficara a ver e ouvir, meteu conversa com o agente. Parte da qual ouvi. E a parte que ouvi levou-me a lançar umas valentes e sonoras gargalhadas. Seria impossível não o fazer. Dizia ele:
“Pode ter pouca experiência, sim senhor, mas o carro onde ela batia é o meu!”

Perguntei-me, em surdina, muito em surdina, se ele se afastaria do seu posto para assim proteger qualquer outra viatura que, bem estacionada, fosse assim agredida.

Quando entrei no jardim, em busca de uma sombra onde digerisse o almoço na companhia de um livro, ainda me estava a rir.

By me

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