segunda-feira, 20 de julho de 2015

Os cães



É verdade que sim: eu gosto de animais.
Não aquele gostar que leva tantos, estou em crer que por moda, desculpem a franqueza, a recusar o comer de carne ou peixe. Entendo que somos omnívoros e faz sentido comermos para sobrevivermos. Afinal, também somos animais, pese embora o muitos acharem que não.
Mas gosto de animais o suficiente para não lhes querer mal e muito menos, fazer-lhes mal. Manias.
E é exactamente por gostar de animais a não lhes querer fazer mal que não possuo nenhum. Não faz sentido ter um animal – cão, gato, pássaro, cágado ou mesmo peixe – presos num apartamento todo o santo dia, à minha disponibilidade para lhes fazer tagatés. E dependendo eles da minha própria disponibilidade para darem um passeio no exterior. Quando me apetece e não quando eles querem. Gosto demais de animais e de liberdade para lhes retirar aquilo que prezo.
Também por gostar de animais me incomoda os que a eles fazem mal. Seja como for, começando desde logo pelas corridas de toiros. Apesar de toda a argumentação que os aficionados usam, a verdade é que se trata de um espectáculo onde o sucesso depende de provocar sofrimento a um toiro.
Não com o meu apoio.
E é também por gostar de animais que situações como esta me incomodam.
Junto a este quiosque em plena avenida de Roma, em Lisboa (zona chique e de elite da cidade, apesar do envelhecimento dos seus residentes) estão todo o dia estes dois cães, assim presos e confinados a menos de um metro de raio de liberdade.
É verdade que têm água por perto. É verdade que têm comida por perto. É verdade que neste dia de calor estão à sombra. É verdade que ficam contentes quando a dona se aproxima.
Mas também é verdade que o seu olhar triste e ansioso, com uma trela de pouco mais de meio metro presa no banco ou no quiosque me fazem ficar para além do furioso. Todo o dia assim presos!
Gosto por demais de animais e de liberdade para ficar indiferente com isto.
Infelizmente, disse-me um lojista vizinho, a dona do quiosque tem um feitio péssimo e só mesmo com autoridades reage, seja qual for o assunto.

Um destes dias, em tendo tempo e dando-me na bolha, chamo a patrulha, ao abrigo da lei do maltratar animais.

By me

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