terça-feira, 6 de agosto de 2013

Mil palavras



Já lá vão uns anos valentes, talvez mais de trinta, e a irmã de um colega e amigo andava então no 8º ano (seria 9º?).
Levada pelo entusiasmo que via nele e nalguns amigos, quis frequentar as então chamadas “actividades extra-curriculares”, no caso fotografia.
Mas vinha de lá bem frustrada, que os professores que tinha, apesar da boa vontade, pouco sabiam da coisa.
Conversa vai, conversa vem e dei comigo a combinar com eles um conjunto de sessões com a turma.
Seis sessões de duas horas, das quais uma prática, onde, e para além do domínio do equipamento, se falaria de estética e de semiótica.

Para uma primeira experiência lectiva da minha parte, a coisa até que nem correu muito mal. As idades variavam dos 13 aos 17 anos, a câmaras de cada um eram do mais díspar possível, trazidas de casa com especiais recomendações paternas, mas o entusiasmo e a vontade de aprender superava tudo.
A penúltima sessão foi a prática. Engendrei exercícios vários sobre perspectiva, gestão do espaço, exposição e assunto, a executar nas imediações da escola (Reboleira) numa espécie de “raly-papper fotográfico”, e dividimos a turma em dois grupos. Evitava-se assim a “molhada”, permitindo um maior rendimento e concentração. Eu acompanhei um, os outros dois professores o outro. Na sessão seguinte, depois de revelados e impressos, seriam comentados. A avaliação, devido à escassez de tempo e aos objectivos do trabalho, seria em grupo, feita por eles.
A coisa correu como o previsto, mais ou menos.
O que eu não previa, de forma alguma, era a surpresa final.
Já por alturas das despedidas, foi-me entregue solenemente um embrulho.
No seu interior, esta fotografia nesta moldura.
Era uma fotografia feita pelo grupo que eu não tinha acompanhado, oferecida como recompensa da minha presença (a minha ida lá tinha sido “de borla”).
O vigor, a alegria e o grito à liberdade desta imagem e o facto de a terem feito, escolhido e tratado para ma darem tornou-a imensamente mais valiosa que qualquer pagamento em dinheiro que pudesse ter recebido.

O vidro original já sofreu uns desaires e a luz já reduziu um pouco o contraste original. Mas das raras fotografias que tenho expostas aqui em casa, esta estará sempre em lugar de destaque!

Uma imagem vale mais que mil palavras!


By me

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