terça-feira, 2 de novembro de 2010

Obrigado


Pois acredite-se ou não, tenho que agradecer ao nosso actual primeiro ministro e ao seu staff pelo menos uma coisa que fez!
Tem ele imposto ao país o Simplex e o recurso às auto-estradas da informação o acesso à comunicação com o estado.
Isto até que poderia ser bom, não fora o “imposto”. Que muitos há que, pela infoexclusão, pelo analfabetismo, pela falta de recursos ou pela idade e incapacidade de se adaptarem às novas tecnologias, não o conseguem fazer. E as alternativas propostas são, no mínimo, incapazes de dar respostas às solicitações.

Por decisão estatal, a atribuição do abono de família depende da entrega junto dos serviços de uma declaração de bens mobiliários e imobiliários. Preferencialmente via web. Quem não quiser, ou puder, recorrerá aos centros da Segurança Social para aí preencher os impressos.
Mas, na Amadora, atendem 20 (vinte) pessoas por dias, mediante senha de chegada. E, no Cacém, 50 (cinquenta). Não é comportável para quem trabalha perder um dia de trabalho (dois, se faltar algum documento). Principalmente porque quem necessita deste apoio é, regra geral, quem menos recebe por dia.
Foi o caso de uma senhora que conheço: tem computador e net, porque a filha de 11 anitos está na escola, mas nem ela nem o marido se entendem com teclados e impressos virtuais. Sabendo disso, ofereci-me para os ajudar.
Já depois da coisa feita, mostra-me o casal um estojo, dentro do qual esta câmara: uma Konica Disk 15, fabricada em 1983, para a qual já não há consumíveis. Em estado impecável!
Elogiei-a e, em a devolvendo, dizem-me que era para mim. Não o disseram, mas como que uma espécie de pagamento pela minha disponibilidade.
Ainda os tentei convencer a não se desfazerem daquilo, que os seus filhos haveriam de achar graça, daqui a uns trinta ou quarenta anos, de como se fotografava nos finais do séc. XX.
Irredutíveis, quase que ma meteram no bolso! E eu, para não ferir susceptibilidades, acabei por aceitar e ficar com esta “preciosidade”, já peça de museu, que nunca usei nem terei como o fazer.
Por isso, um obrigado aos nossos governantes. Mas que não se habituem!


Texto e imagem: by me
(Propositadamente, este texto foi escrito à revelia do novo acordo ortográfico)

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