sábado, 19 de janeiro de 2008

Falta o epílogo: um pedido de desculpas

"Um acto de justiça que prestigia a RTP." É assim que o jornalista José Rodrigues dos Santos classifica o arquivamento do processo disciplinar que foi movido contra si pela anterior administração da RTP e que o actual quadro de administradores decidiu arquivar.
"Este desfecho demonstra que, em todo este caso, me limitei a dizer a verdade até à última vírgula", acrescenta o pivot do Telejornal, que foi alvo de um processo após ter denunciado, em declarações à revista Pública, em Outubro passado, as "interferências ilegítimas em matéria editorial" da administração do canal público, então dirigido por Almerindo Marques, actual administrador da Estradas de Portugal.
Apesar de a acção disciplinar ter sido motivada pelas declarações do jornalista, os argumentos apresentados pela administração contra o trabalhador versavam sobretudo questões de ordem laboral, como incumprimento de horário. A administração tinha como intenção o despedimento por justa causa.
Em declarações à Lusa, ontem, Almerindo Marques comentou este arquivamento, afirmando que hoje procederia da mesma forma "em circunstâncias idênticas".
Ângela Camila, da comissão de trabalhadores da RTP, adiantou ao PÚBLICO que o arquivamento do processo disciplinar agrada ao grupo representante dos trabalhadores, que se tinha insurgido contra o processo: "Congratulamo-nos com a medida do conselho de administração", disse.
Mas acrescenta que o caso Rodrigues dos Santos não acaba com este arquivamento. "Aguardamos a todo o momento que a ERC [Entidade Reguladora para a Comunicação Social] dê resposta à queixa apresentada pela comissão de trabalhadores, que não se cinge ao processo disciplinar."
A comissão de trabalhadores enviou, no dia 24 de Dezembro, um pedido para que o regulador se pronuncie sobre o caso Rodrigues dos Santos, alegando que estão em causa "a independência do operador público perante o poder político" e o condicionalismo da liberdade de imprensa. E pediu a instauração de um inquérito. Até hoje, a ERC ainda não se pronunciou sobre esta queixa.


Texto: in Público.pt
Imagem: edit by me



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