Para muitos, a
palavra “Kelvin” pouco dirá.
Para os curiosos
ou profissionais da luz, tanto quem a cria como quem a capta, o termo define a
unidade com a qual se mede a temperatura de cor da luz.
De uma forma mais
simples, é a unidade que define se a luz é mais azul ou mais amarelada, mais “fria”
ou mais “quente”.
Lidamos com isso
no quotidiano ao escolhermos uma lâmpada de tom quente ou frio para as nossas
casas. Ou quando ajustamos a nossa câmara fotográfica com aquele símbolo “sol”,
“sombra”, “lâmpada” ou “auto” para ajustar a cor das nossas fotografias.
As mais das vezes
não nos apercebemos muito destas mudanças ou nuances a olho nu: o nosso cérebro
ajusta-se e “calibra-se” em função da luz existente e quase só por comparação
directa nos apercebemos.
Um exercício
divertido para vermos essas diferenças subtis, ou não tanto, na iluminação
artificial é observarmos os prédios de habitação à noite, de preferência pela
hora de jantar, e vermos como as janelas têm cores diferentes em função das
luzes usadas. Salas, cozinhas, quartos, sanitários…
Do ponto de vista
fotográfico, temos que ajustar os nossos modos de registo pelo tipo de luz
existente. Os menus ajudam. Ou, para dar menos trabalho, colocar em automático
e esperar que o japonês inteligente que vive no interior das câmaras faça o seu
trabalho.
Ficamos com cores “naturais”,
vivas muitas vezes, e os assuntos captados correspondem à imagem mental que
temos deles. E gostamos do que vemos.
No entanto…
No entanto se
essas imagens correctamente calibradas correspondem ao que o nosso sistema olho/cérebro
viu, isso pode não corresponder ao que se sentiu no momento.
Um bom exemplo será
ter a calibração ajustada em automático aquando do registar um bonito por do
sol, com todos aqueles tons quentes que conhecemos e com a emoção de lá ter
estado. Dificilmente obteremos isso na imagem resultante.
De igual modo as
imagens nocturnas. Ter a câmara calibrada com rigor para a iluminação existente
dá-nos a reprodução fiel e tecnicamente correcta. Mas as emoções, o calor da
festa ou o frio da tempestade ficarão excluídos quase de certeza. Por muito
simbólicos que sejam os conteúdos e as composições dentro do enquadramento.
Nos tempos em que
se apenas se usava película por falta de alternativas, transportava eu um montão
de filtros coloridos das séries 80, 81, 82 e 85 exactamente para, na tomada de
vista, aquecer ou arrefecer a imagem, na busca da emoção pela cor. Quer em
busca dos standards de interpretação, que procurando os seus opostos.
Hoje ando mais
leve, bastando escolher no respectivo menu a calibração que quero para a emoção
que tenho. Ou, posteriormente, ajustar no todo ou em parte essa mesma dominante
cromática.
Dirão os puristas
que isso será subverter o registo, transformando uma realidade numa outra
adulterada, photoshopando o original.
Digo eu que, quer
seja por um método (tomada de vista) ou por outro (edição), o que me interessa é
transmitir emoções.
Que a minha câmara
não é uma fotocopiadora nem os meus neurónios funcionam em modo automático.
Deixo o rigor da
reprodução cromática para publicitários e profissionais de informação, pese
embora vezes demais não o sejam e não por descuido.
By me
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