Celebram-se
hoje cinco anos que o povo saiu à rua.
A
15 de Setembro de 2012 cerca de um milhão de cidadãos, dos quais 500 mil em
Lisboa, manifestaram-se por todo o país sob o lema “Que se lixe a troika!
Queremos as nossas vidas!”
Por
objectivo, o protesto contra a forma como o resgate financeiro a Portugal
estava a decorrer, com medidas de austeridade inauditas e draconianas.
Nos
anais da história ficarão dois factos:
-
Foi a segunda maior manifestação popular da nossa história, apenas ultrapassada
pela que aconteceu no 1º de Maio de 1974, logo a seguir à revolução;
-
Foi organizada por um grupo pequeno de cidadãos, bem à margem de partidos e
organizações sindicais.
Do
que recordo de ter vivido em Lisboa, e para além a enormidade de gente em
protesto que esmagava qualquer imaginação possível, foi a velocidade inimaginável
com que os cidadãos se deslocaram nas ruas e avenidas, numa ânsia de que
qualquer coisa acontecesse.
O
habitual por cá é as manifestações acontecerem ordeira e organizadamente, com
gente a gerir velocidades e ocupação de espaço, promovendo palavras de ordem
previamente pensadas ou de improviso. Naquele dia nem isso aconteceu nem seria
possível acontecer, que os cidadãos responderam em massa e para além de
qualquer controlo.
Indo
mais longe, não recordo de ter visto em manifestações (e já estive em muitas)
tamanha quantidade de crianças e idosos, numa demonstração mais que evidente de
ser o país ali representado, pacífico mas para além das previsões e organizações
habituais.
Das
suas consequências também rezará a história, com as opiniões óbvias em função
do quadrante que opine.
Mas
certo é que naquele dia 10% dos portugueses saíram às ruas para protestar
contra um governo que foi eleito apenas por estar em contra-ciclo com o
anterior e que geria o país como os cidadãos não queriam.
E
num país pacato como o nosso, ter dez por cento dos seus habitantes na rua em
protesto é obra, diga-se o que se disser.
Estou
certo que nenhum dos que lá estiveram esquecerão as emoções vividas.
By me
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