sexta-feira, 15 de setembro de 2017

15 - Setembro



Celebram-se hoje cinco anos que o povo saiu à rua.
A 15 de Setembro de 2012 cerca de um milhão de cidadãos, dos quais 500 mil em Lisboa, manifestaram-se por todo o país sob o lema “Que se lixe a troika! Queremos as nossas vidas!”
Por objectivo, o protesto contra a forma como o resgate financeiro a Portugal estava a decorrer, com medidas de austeridade inauditas e draconianas.
Nos anais da história ficarão dois factos:
- Foi a segunda maior manifestação popular da nossa história, apenas ultrapassada pela que aconteceu no 1º de Maio de 1974, logo a seguir à revolução;
- Foi organizada por um grupo pequeno de cidadãos, bem à margem de partidos e organizações sindicais.
Do que recordo de ter vivido em Lisboa, e para além a enormidade de gente em protesto que esmagava qualquer imaginação possível, foi a velocidade inimaginável com que os cidadãos se deslocaram nas ruas e avenidas, numa ânsia de que qualquer coisa acontecesse.
O habitual por cá é as manifestações acontecerem ordeira e organizadamente, com gente a gerir velocidades e ocupação de espaço, promovendo palavras de ordem previamente pensadas ou de improviso. Naquele dia nem isso aconteceu nem seria possível acontecer, que os cidadãos responderam em massa e para além de qualquer controlo.
Indo mais longe, não recordo de ter visto em manifestações (e já estive em muitas) tamanha quantidade de crianças e idosos, numa demonstração mais que evidente de ser o país ali representado, pacífico mas para além das previsões e organizações habituais.
Das suas consequências também rezará a história, com as opiniões óbvias em função do quadrante que opine.
Mas certo é que naquele dia 10% dos portugueses saíram às ruas para protestar contra um governo que foi eleito apenas por estar em contra-ciclo com o anterior e que geria o país como os cidadãos não queriam.
E num país pacato como o nosso, ter dez por cento dos seus habitantes na rua em protesto é obra, diga-se o que se disser.

Estou certo que nenhum dos que lá estiveram esquecerão as emoções vividas.

By me

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