Mão amiga fez
chegar à minha este aparelho.
Trata-se de um fotómetro
que, em boa verdade, é um exposímetro, já que não indica candelas por pé
quadrado mas tão só permite calcular a exposição em função da luz existente.
A sua marca é
“Superlux”, tendo atrás a referencia adicional “Edla”.
Nunca tinha eu
visto ou lido sobre este aparelho, que se encontra num estado quase perfeito.
Uma análise mais atenta informa-nos que foi objecto uma tentativa de abertura,
já que lhe falta um parafuso minúsculo. Talvez que procurando colocá-lo em
funcionamento, o que seria impossível. O seu sistema de reacção à luz é antigo
e a célula tem uma capacidade limite, naturalmente já extinta.
E este
“naturalmente” advém deter sido fabricado nos anos trinta do séc. XX. Por
aquilo que consegui apurar, foi fabricado na Hungria, tendo a Kodak usado a
patente e o mesmo modelo sob o nome de “Kodalux”.
Acrescente-se que
este aparelho possui uma característica invulgar para a época: permite medir a
luz reflectida (ou calcular a exposição) num ângulo muito restrito (oito graus,
pelas minhas contas) usando um sistema muito simples de favo-de-abelha no seu
interior. Com o adicional de possuir um sistema de mira, permitindo-nos saber
que zona em frente de nós estaria a ser medida. Engenhoso e funcional.
Claro está que ter
nasmãos este aparelho arcaico e bonito (muito bonito) me levou a partilhar a
sua existência com diversas pessoas, em particular com quem está ligado ao uso
da luz no seu ofício.
Que desencanto!
A maioria dessas
pessoas pouca importância lhe atribuiu. Nem à sua beleza, nem à sua antiguidade
e menos ainda à forma original de funcionamento. Para essas pessoas, o mais
importante no que toca a equipamentos é a modernidade, a novidade, o último
grito. O que passado, mesmo que já tenha sido o último grito, é passado e pouco
importa. Mesmo que de ontem.
Quem deu mais
valor ao aparelho, enquanto ferramenta e enquanto objecto, foram pessoas que
pouco se relacionam com o ver, analisar e captar luz. Entenderam estas pessoas
o “valor” histórico, a raridade do seu funcionamento e ficaram solidariamente
satisfeitas comigo por ele ter sobrevivido à voragem do tempo.
Fica um aviso a
todos aqueles para quem o último grito da tecnologia é o mais importante:
Todos esses
“últimos” em breve, muito breve, serão passado e arcaicos. E quem não souber
dar valor ao que fomos, às raízes do que somos, dificilmente será um bom
utilizador da modernidade. Mais não será que um consumidor compulsivo daquilo
que os fabricantes colocarem no mercado, correndo ao ritmo das vendas e dos
lucros.
E essas mesmas pessoas
mais não virão a ser que passado e arcaicas.
By me
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