A fechar um noticiário
televisivo, informam-nos que existiu um concurso de fotografia mundial, com
mais de 590.000 imagens candidatas, produzidas por mais de 88.000 fotógrafos de
150 países.
Dizem-nos ainda
que a vencedora será anunciada em Setembro, em Berlim.
Curiosamente, não
nos contam qual o nome do concurso ou quem o promoveu, o que significa que tanto
pode ser algo de enorme qualidade como um mero concurso publicitário de um
qualquer produto lácteo.
Mas o que me fez “saltar
a tampa” foi que decidiram mostrar-nos “algumas das melhores” de entre as cem
apuradas para a fase final.
E fiquei a saber
que quem fez o vídeo com elas, sonoramente ilustrado, se entendeu mais artista
que os artistas a concurso, fazendo reenquadramentos às fotografias originais,
definindo com isso novos centros de interesse, insuspeitas linhas de fuga,
equilíbrios não imaginados pelos autores. Tudo isto bem patente nos movimentos
de “zoom out” com que as imagens nos foram apresentadas.
A classe de
jornaleiros de serviço entende-se acima de qualquer crítica e dona da verdade.
E já não lhe basta relatar com adjectivos e juízos de valor os acontecimentos
políticos e sociais: Agora também se imiscui nos valores estéticos,
subvertendo-os e adaptando-os aos seus interesses e gostos pessoais.
Imagine-se que “dançavam”
dentro de um Adams, ou de um Weegee, ou de um Weston ou de um Hockney, ou de um
Kappa, ou de um…
Na imagem: “Joiners”,
por David Hockney
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