Uma das características
do meu projecto “Old Fashion” era a possibilidade de as fotografias feitas
poderem ser publicadas na net.
Se essa
possibilidade hoje nada tem de extraordinário, na altura era quase que uma
inovação. Quase.
Claro está que os
fotografados eram inquiridos sobre se o autorizavam ou não e a resposta
registada e cumprida sacramentalmente.
Quando acontecia
dizerem-me que não, e para além de anotar a resposta, perguntava se se
importavam de me dizer o motivo da recusa. E sempre o soube.
E uma das
respostas foi divertida.
Um casal, em que
ela era extrovertida e faladora, ele reservado e calado, recusou a publicação.
Disse ela que eram amantes, que ela já tinha assumido a relação mas que ele não,
pelo que não poderia haver publicidade.
A resposta primou
pela originalidade, bem como o que ele disse de seguida: “E agora quem fica com
a fotografia?”, já que eu tinha entregue apenas um exemplar, tal como
combinado.
Claro que ela já
estava a resolver a questão, ajustando com uma pequena tesoira o tamanho da
fotografia à janela disponível no plástico da sua carteira de documentos.
Olhei eu para um e
para outro, ela satisfeita, ele triste, a tratei de fazer segunda impressão, tão
à borla quanto a primeira, que lha entreguei. Não creio que eu pudesse receber
melhor pagamento que o sorriso com que ele me brindou.
E espero que hoje
ainda mantenham o afecto de então, agora bem mais às claras.
By me
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