O livro que tenho
entre mãos é um nico complexo de ler. Volta e meia, quase que a cada página,
deparo-me com termos ou expressões que, pese embora entenda o significado dado
o contexto, não conheço com rigor. O recurso a um dicionário, mesmo que
on-line, é a solução de alicerçar o conhecimento.
O livro?
“Reflexões sobre fotografia eu, a fotografia, os outros” de Gérard
Castello-Lopes.
O texto abaixo,
menos de meia página, para além de bonito, é um bom exemplo linguístico. E de
atitudes.
“O José Cardoso
Pires contou-me, um dia, a bela história de uma polícia da Almirante Reis que
era um autêntico ferrabrás. Um faia da mesma área administrou-lhe um dia uma
sova vingadora e retributiva que logo entrou na lenda e no mito locais. Anos
depois, o faia acompanhado de um amigo, encontra de novo o agente, agora velho,
alquebrado e muito enfermo. Sentam-se à mesa de um café e o ex-ferrabrás
encomenda um copo de leite no que é seguido pelo faia justiceiro. O amigo deste
manda vir um bagaço. Conversa acabada, o guarda retira-se e o faia increpa
violentamente o amigo pela indelicadeza do seu gesto de beber um bagaço na
presença de um inválido. A compaixão que transparece neste banal ritual de
café, aparece-me como um belo exemplo de consciência do que é o lugar do
outro.”
By me
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