sexta-feira, 17 de fevereiro de 2017

Iconógrafo



Há vários motivos pelos quais não me intitulo fotógrafo no sentido geral do termo.
Um deles será a minha atitude para com a busca da fotografia. Não a procuro lá longe, onde as luzes, as cores, as pessoas, as pedras são diferentes.
Procuro fazer fotografia – se é que procuro – aqui mesmo, onde vivo ou resido, sabendo que assuntos e luzes é o que não faltam para merecerem um registo. Mesmo a vista da minha janela é diferente todos os dias.
Por outro lado não tenho e não uso fotografias inocentemente. Todas as imagens que produzo e divulgo têm sempre um ou mais significados para além do explícito na cromogenia da imagem.
Mesmo quando digo que “foi a luz bonita que me fez fotografar” não estou a falar completamente verdade. Aquela luz, naquele local, naquelas circunstâncias, fez-me ter um determinado sentimento que justificou o fotografar. Muito provavelmente uma semana antes ou depois, nas mesmas condições de luz e assuntos, não fotografaria ou, se o fizesse, seria porque outras memórias e/ou sentimentos a tal me levavam.
Mesmo hoje, quando a preguiça me impede de ir fotografar e procuro nos meus arquivos um equivalente fotográfico, sei que estou a usar uma imagem com significado diferente do original. Até porque me lembro dele.

Talvez que por tudo isto (e mais uns trocos aqui não explícitos) não gosto de me intitular fotógrafo.
Com sorte, serei um iconógrafo, o que produz e usa ícones em suporte e técnica fotográfica.

Quanto ao resto, e se me quiserem chamar de “batata frita” também serve.

By me

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