quarta-feira, 3 de agosto de 2016

Responsáveis de pacotilha



Aqueles que me conhecem um bocadinho só que seja far-me-ão a justiça de não me considerarem defensor do sistema monárquico. Espero eu.
Que essa coisa de se aceder ao poder total ou parcial de um país apenas porque se nasceu filho de ou de não me convence. A gestão de um país e do que acontece com os seus cidadãos é coisa que tem que ser feita por aqueles que eles escolham e não por quem lhes é imposto. P’las armas ou p’lo nascimento.
Mas uma coisa tenho que reconhecer no sistema monárquico: os herdeiros da coroa, e supondo não haver trocas nem “batotas” na sucessão, são pessoas treinadas desde tenra idade para tal cargo. Na política, na economia, na gestão de vontades e interesses… Poderão ter personalidades mimadas ou perversas, mas foram treinados ou educados para o cargo.
E um dos treinos que receberam foi o de cumprir ordens. Ainda que pudessem chegar ao topo da hierarquia do estado, passavam algum tempo obedecendo a alguém que tinha poder sobre ele (em regra num ambiente militar), sabendo na pele o que é cumprir e obedecer sem poder ripostar ou contestar as instruções recebidas.
Claro está que, em muitos casos, este “cumprir de ordens” era pouco menos que cerimonioso, não passando o candidato a rei por situações humilhantes ou degradantes. Mas nem sempre.

Nos tempos que correm, todos os anos saem fornadas de licenciados das faculdades a quem foram dados certificados de capacidade de gestão de meios materiais e humanos sem que os diplomados algumas vez soubessem na pele o que é obedecer, o que é cumprir ordens, o que é fazer coisas desagradáveis e não as poder contestar.
São estes licenciados que acabam por assumir cargos de gestão nas empresas e/ou país, dando ordens e decidindo sobre a vida e futuro de seres humanos baseados em manuais que decoraram mas que nunca entenderam, em lógicas economicistas, em gráficos e estatísticas. E decidem sobre o país ou empresas como um general de decide um avanço, fazendo as contas a quantas baixas mortais haverá do seu lado e considerando-as como aceitáveis.
Gestores de pacotilha e políticos de dez reis de mel coado é o futuro que nos espera, a menos que decidamos que quem tome essas decisões saiba o que é obedecer e cumprir, e que, ao fazê-las, saiba na pele o preço das difíceis.
É muito possível que, nas mesmas circunstancias sócio-político-económicas tanto um gestor de pacotilha como alguém que subiu a pulso tomem as mesmas decisões. A diferença estará que o segundo ponderou aspectos humanos que o primeiro nem suspeita que possam existir.

Não sou Monárquico. E, sendo Acrata, entendo que a Democracia é o mal menor.

Mas em tendo que escolher alguém para tomar algum tipo de decisão em nome dos cidadãos, quero alguém em cujo perfil conste que realmente trabalhou e que aprendeu a trabalhar o que é o respeito pelo seu igual. Nunca alguém que, talvez, o tenha lido num livro enfadonho e posto de lado porque não ensina a subir rapidamente ao poder.

By me

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