Tive um Tio.
Era eu pequenote
quando morreu.
Mas recordo de ele
possuir uma agenda de secretária, grande, muito grande para os meus olhos de
então, onde ele tinha anotado tudo quanto considerava de importante. E todos os
anos lá copiava ele da velha para a nova.
Pois todos os
dias, antes de sair de casa pela manhã, consultava ele a sua agenda e
dirigia-se à estação de correios ao fundo da rua. Daí, enviava um telegrama de
parabéns a quem quer que nesse dia fizesse anos. Mesmo que o ou a não visse há
muito.
Um acto
deliberado, consciente, trabalhoso e oneroso.
Hoje temos os
“Outlooks”, os “E-Mails”, os “FaceBooks” que nos recordam, queiramos ou não,
dos aniversários de quem lá conste. E usando da mesma tecnologia de informação
e a custo zero, lá gastamos uns 10 a 15 segundos a mandar os tais “parabéns”
descaracterizados, frios, impessoais, electrónicos.
Sendo que acho que
não deverá ser uma máquina ou um calendário que deva dizer quando me devo
divertir ou cumprimentar quem quer que seja, ignoro esses avisos automáticos.
Quanto ao resto,
nada melhor que uma festa de desaniversário, para citar Lewis Caroll. Que, por
sinal, até foi também um dos grandes fotógrafos do seu tempo.
By me
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