“Estou com o meu
amigo Yorick, o ajuizadíssimo bobo de el-rei de Dinamarca, o que alguns anos
depois ressuscitou em Sterne com tão elegante pena, estou sim. “Toda a minha
vida”, diz ele, “tenho andado apaixonado já por esta já por aquela princesa, e
assim hei-de ir, espero, até morrer, firmemente persuadido que se algum dia
fizer uma acção baixa, mesquinha, nunca há-de ser senão no intervalo de uma
paixão à outra; nesses interregnos sinto fechar-se-me o coração, esfria-me o
sentimento, não acho dez reis que dar a um pobre… por isso fujo às carreiras de
semelhante estado; e mal me sinto aceso de novo, sou todo generosidade e
benevolência outra vez.”
Almeida Garret,
“Viagens na minha terra”
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