segunda-feira, 15 de agosto de 2016

Fábulas



É um restaurante onde vou amiúde: não é caro, o que se come é agradável e o pessoal é simpático. Tudo de bom!
Há uns tempos pedi, de sobremesa, um crepe flambée. Quem mo fez comentou que não é das coisas que mais goste de preparar: o cheiro é muito intenso e, quando calha, fica com uns pelos a menos na mão.
O que teve mesmo graça foi a reacção de uma empregada: nova de idade e nova na casa, estava de boca aberta com a preparação do crepe, exclamando um elucidativo “Que é isso?”
No fim do jantar, lá meti conversa com ela e lhe expliquei o que era e recomendei-lhe que provasse. Pelo menos ficaria a saber o que é e a que sabe.
Uns tempos depois tocou-me em sorte a mesma mocinha. Enquanto ela tomava nota do meu pedido, meti-me com ela e perguntei-lhe se já sabia o que é um “flambée” e se já tinha provado. Saber, sabia, provado é que não. Entende-se!
Mas, quando me veio trazer a minha cerveja, não perdeu a oportunidade de se meter comigo. Melhor dizendo, com a minha câmara, pousada que estava em cima da mesa: “É bonita, a sua máquina!”
“É!”, respondi, “Mas mais importante que isso é se faz boas fotografias”, acrescentei.
“Pois, mas tem muitos botões.”
Calei-me! Não adiantava esclarecer que os botões, muitos ou poucos, importa que estejam no sítio certo e que saibamos deles tirar partido.

Agora que a minha câmara é bonita, lá isso é. Mas também há a fábula do La Fontaine, sobre a coruja e a raposa.

By me

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