quarta-feira, 18 de maio de 2016

Tuck-tuck



Este pequenino tuck-tuck veio parar-me às mãos meio por brincadeira, meio muito a sério.
Tem na sua base uma etiqueta muito esclarecedora: “isto é um objecto decorativo, não é um brinquedo”.
Suponho que ela se deve aos materiais de que é feito, ao facto de as rodas não rodarem, talvez as tintas não sejam adequadas a mordidelas de criança…
Mas, acima de tudo, porque os tuck-tuck em Lisboa são algo mais que brincadeira.
Quando me decidi por ele, e para além do desafio fotográfico, o que tinha em mente era uma imagem muito pouco convencional: o dito cujo amassado por um martelo ou, ainda melhor, uma maceta de pedreiro, produto esse de invenção portuguesa, a contrário destes veículos que infestam a cidade.
Tenho aguardado por uma ocasião propícia para a fotografia até quem, um destes dias, calhou estar de conversa com quem conduz uma destas coisas.
Conversa interessante, com alguém que está longe de casa, com formação superior, com um vocabulário na conversa informal muito diferente do habitual revelando os seus hábitos de leitura, que talvez esteja por aqui porque na grande cidade é mais fácil viver-se no anonimato a vida privada que numa pequena aldeia, e que me soube dizer que são imensos os que procuram ganhar uns trocos, por vezes apenas 4 euros por dia, outros dez vezes isso, para subsistir.

Se vier a encontrar outro tuck-tuck, talvez faça a tal imagem que imaginei.

Este manter-se-á intocável!

By me

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