terça-feira, 3 de maio de 2016

Relatos póstumos

Um dia me explicarão, mas como se eu fosse mesmo muito burro, qual o motivo de não se ser honesto sobre os defuntos, próximos ou longínquos.
É que, e a menos que seja alguém que toda a sociedade condena (Hitler, Franco, Mao, Salazar…) sobre os demais só se dizem coisas boas, bonitas, só se referem os bons momentos, escondem-se as facetas mais feias e degradantes…
Não oiço dizer que Fulano era um filho da mãe, demagogo, desonesto, vadio, ladrão, mau carácter…
Isto quer se trate de alguém que tenha morrido nos últimos seis meses, nos últimos seis anos ou nos últimos sessenta anos, é indiferente.

Suspeito que esta atitude de não querer julgar os mortos se prende com o receio de virem a ser julgados do mesmo modo.
E o receio de, à entrada de uma tal de vida eterna, não haver testemunhas abonatórias se não se o fizer em vida.

Ora batatas para a hipocrisia!

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