A imagem que aqui
se vê foi feita em 1897.
Trata-se da
fotografia de António Conselheiro, um líder carismático e quase messiânico que
liderou uma comunidade no nordeste brasileiro. Comunidade composta por “sem
terra” como hoje chamamos, e que baseava a sua organização na efectiva partilha
do muito pouco que possuíam, enquanto se preparavam para uma vida melhor.
Este tipo de
organização era muito pouco consentâneo com o demais Brasil, pelo que foi
reprimido e extinto pela força das armas, na chamada “guerra dos Canudos”.
Falam as crónicas que terá sido um massacre, já que todos os viviam no lugar de
Canudos foram mortos pelo exército chamado a intervir, incluindo mulheres e
crianças.
Acontece que esta
fotografia foi feita uns quinze dias depois de ele ter sido morto.
Ao que julgo
saber, terá sido chamado um fotógrafo militar, terá sido desenterrado o líder vencido,
e feita a fotografia.
O intuito de tal “imagem
macabra”, como muitos hoje lhe chamam, foi o divulga-la pelos jornais de todo o
país, numa demonstração palpável e visível de que o líder temido estava
realmente morto e que os ânimos poderiam serenar. Mais que uma perpetuação para
além da morte, uma demonstração de morte.
Ou, se se quiser
usar outros termos, uma demonstração de poder por parte do poder, usando a imagem
fotográfica como testemunha incorrupta e os media como divulgação dessa mesma
verdade.
By me
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