Quando o vi na
montra não resisti e entrei. Haveria de saber o preço e, sendo comportável,
viria comigo. E, de caminho, a taça prateada que estava noutro ponto da montra,
que talvez não com a mesma origem ou época, mas bem que poderiam fazer “panelinha”
com o cálice numa das minhas brincadeiras.
Mas o objectivo
principal era o desafio: um cálice como este, deste material bem reflector e multi-curvilíneo
é um desafio fotográfico dos maiores. Conseguir fotografá-lo, mostrando a matéria
de que é feito, as formas que possui e não ter formas ou objectos distractivos
reflectidos na sua superfície.
Um desafio dos
grandes.
Que tratei de
tentar solucionar mesmo na rua, em condições em nada controladas.
Uma das técnicas,
parece-me, é a questão da luz, da quantidade e qualidade de luz. Ter a fonte de
luz principal do lado de lá (o tal lado de que gosto), de forma a que não se
reflicta na superfície do nosso lado. Ao mesmo tempo, tentar que câmara e fotógrafo
estejam pouco iluminados, na sombra se possível, para que o seu reflexo,
existente no metal, seja de pouca monta. E, ao mesmo tempo, criar um fundo
luminoso e atractivo que, ao captar a atenção, distraia o olhar do que possa
estar reflectido do lado de cá.
Tudo isto é teórico.
E funciona na prática. Convém é ter meia dúzia de acessórios que ajudem a
controlar a luz, a sombrear o fotógrafo, a suportar no local certo o cálice… não
tinha nada disso comigo esta tarde, na rua, e isto foi o melhor que consegui
fazer hoje e de improviso.
O que acaba por
ser curioso é nesta mesma tarde, em três locais distintos (na loja onde o comprei,
numa loja de artigos infantis didácticos e num novo negócio agora surgido na
sede do meu concelho e sobre fotografia) acabei por falar de fundos, da sua
importância para isolar o assunto principal, de como variando a quantidade de
fundo para um mesmo tamanho de assunto principal conta histórias diferentes, de
iluminar de lá para cá, nem que seja com a chamada “luz de recorte” para fazer
sobressair do fundo e dar volume…
É curioso como a
esmagadora maioria das pessoas, mesmo alguns profissionais, se esquecem que o
tratamento do primeiro plano é tão importante quando o do fundo ou segundo
plano.
Por vezes, é essa
diferença de tratamento que transforma uma fotografia numa photographia.
O meu cálice ainda
precisa de ser tratado.
By me