Este quadrinho foi-me entregue por troca. Porque era esse o
acordo que tínhamos: eu dava algum conhecimento em fotografia e, em troca,
davam-me o que entendessem que o que recebiam valia, desde que feito pelo
próprio. Nada de dinheiro envolvido entre nós ou de algo comprado para o
efeito.
Por isso o nome daquelas actividades era “trocas”.
Este em particular sai um pouco das regras, já que a a
moldura foi comprada de propósito, suponho. Mas o seu recheio, o bordado em
ponto cruz e com sombreado, foi feito de propósito para servir de troca.
O que lá está escrito? Poderia ser batata frita ou caixa de
velocidades ou o quer que fosse. Mas esta afirmação era a forma como nos
tratávamos e eu tinha a alcunha de mestre. De pouco adiantou, no início, reclamar
que o não era e que se tivessem conhecido verdadeiros mestres como conhecera,
concordariam comigo. Mas íam insistindo até que deixei de me rebelar.
De entre as trocas que recebi, este tem estado sempre à
vista. Sempre. Não que tenha mais valor que qualquer outra recebida. Acontece
apenas que é a mais sólida e com menos possibilidade de se estragar. E
simboliza, de algum modo, o projecto em que todos estivemos envolvidos, cada um
de seu jeito.
Ninguém imaginava, no entanto, as complicações diversas que
sobrevieram por estar visível. Mas o meu nome do meio é teimoso e não cedi nem
um milímetro às diversas investidas. Sempre visível!
Não tenho, aqui em casa, fotografias minhas penduradas nas
paredes. Mas tenho alguns objectos especiais, simbolos de outros e outras vivências.
Este é um deles.
Pentax K1 mkII, Pentax-M macro 100mm 1:4
By me
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