terça-feira, 16 de junho de 2015

Escola





Em Abril de 74 eu tinha 15 anos.
Cheguei ao liceu pouco antes das 8.30, depois de uma viagem rotineira em dois autocarros que me fez passar por uma esquadra de polícia e dois quartéis militares. Nada pelo caminho indicava o que se estava a passar. Pelo menos, eu não dei por nada.
Só à chegada é que nos foi dito que não havia aulas, que devíamos ir para casa. Havia uma revolução.
Perguntei onde e disseram-me que no Chiado. Deixei a pasta com livros e cadernos em casa de um colega e para lá fui.
Depois, foi o que se sabe até hoje!

Nos meses que se lhe seguiram, foi a grande confusão para todos, miúdos e graúdos. Claro está que a “grande conquista” estudantil de então foi a extinção dos exames.
Passei esse quinto ano (hoje o nono ano) com média de 9,5 valores. Não deveria ter passado!
Por muito que então me agradasse, por muito que os exames fossem “repressivos”, a verdade é que eu não estava preparado para os anos que se seguiram enquanto estudante, tendo sentido enormes dificuldades em acompanhar a matéria que nos davam: Português, Matemática, Física e Química. Só estava mesmo à-vontade em Filosofia, Geometria Descritiva e Introdução à política.
Ainda hoje, auto-didacta e aprendiz do que vou querendo, sinto falta daquelas bases que nos queriam “impingir”. Qualquer exame demonstraria que não as sabia e teria que as aprender de facto!

A escola não é uma prisão, não é um local de suplício. Ainda que o possa parecer a quem por lá anda. É uma preparação para um futuro incerto. São os alicerces para uma profissão e cidadania.
Depende de quem lá trabalha dar ou não prazer e/ou satisfação a quem a frequenta.
Enquanto se pensar que a escola é, basicamente, um local de ensino e não um local de aprendizagem a escola será sempre “uma seca”.

E quanto mais altas forem as grades que a cercam, mais se parecerá com uma prisão para aqueles que sabem que têm lá fora um mundo para descobrir.

By me

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