domingo, 12 de janeiro de 2014

Estranha quietude



O dia quase que acaba. E saio por um café. Não que a cafeína me faça falta, mas por uma quebra de rotina, por um fazer diferente.
A tarde está fria. Não a temperatura em si mesma, mas aliada à humidade, entra na pele e desce aos ossos. O café vai-me saber bem.
Na rua a quietude total. Nem uma aragem, nem um ruído. Nem vivalma. Como se tudo e todos se tivessem recolhido a salvo da friagem molhada.
Até o café, cheio como nunca o vira, está em silêncio. Todos concentrados, numa contemplação estranha e silenciosa num jogo de bola que, e em linguagem desportiva, é um clássico. Nem uma jogada, que essa eu vi, mais entusiasmante, retirou aquelas dezenas daquela letargia anónima e insólita.
Já na rua, desespero.
Bem sei que a câmara veio comigo mais por hábito que por uso. Mas, que diabo, queria dar ao gatilho uma vez mais mas com algo vivo. Ou que o indicasse. As próprias poças de água estavam imóveis, que não havia pingas que as agitassem.
Por fim, um carro. O único sinal de vida visível, que já os pombos haviam recolhido.
Rápido qb, registei um nico de vida anónima de num bairro suburbano, num demasiado tranquilo domingo invernoso. Que nem mesmo uma vitória vermelha conseguiu agitar.


By me

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