quinta-feira, 30 de janeiro de 2014

Vinganças



Qualquer um entende e concorda que prender alguém contra sua vontade é uma maldade. Nalguns casos, pode mesmo ser considerado um crime.
No entanto a sociedade, através da justiça que aplica as leis desejadas pelos cidadãos e definidas pelos deputados, considera a pena de prisão algo correcto, legal, passível mesmo de ser suportado pelos contribuintes.
Mas, analisemos as justificações para pena de prisão. Ou, se se preferir, analisemos o motivo de aplicar justiça.
Por um lado para que o infractor à lei aprenda que o que fez é um erro.
Por outro para que, e no decurso do cumprimento da sua pena, aprenda formas de ser um cidadão útil e integrado na sociedade.
Por outro lado ainda, e no caso de crimes particularmente graves, a sociedade não quer o criminoso no seu seio e a condenação a pena de prisão é forma de o excluir.
Por fim a vingança. É banal ouvirmos a populaça à porta de um tribunal quando decorre um processo, com o qual nada têm a ver nem como vítimas nem como testemunhas, clamarem por penas pesadas, afirmando “ainda é pouco” ao saberem do veredicto.
Mas também sabemos que a vingança é um sentimento feio, mesmo quando “servida fria”. E ensinamos isso às crianças. Pese embora os livros sagrados de diversas religiões considerarem que a vingança divina é natural e correcta.
E vive-se naquela contradição de considerarmos algo como maldade, a menos que provenha de deus.
Ora se a vingança é uma maldade (e o ensinamos às crianças) e se a privação de liberdade é uma maldade (mesmo que a termo certo), a justiça e os seus códigos são maldades sob a forma de lei. E o ser humano, que concebe como lei o fazer maldade, é um ser maldoso.

Por vezes tenho vergonha de ser um humano e de viver entre humanos!

By me

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