quarta-feira, 27 de novembro de 2013

Um roubo



É sempre interessante de ver o como os media cobrem os acontecimentos.
Do ponto de vista fotográfico, continua a existir a ideia feita que um repórter a sério tem que possuir uma câmara cara, de preferência volumosa. Este volume é, em regra, acrescentado com o “grip”, um acréscimo de bateria colocado sob a câmara, que lhe confere, para além de muito maior autonomia, um aspecto mais volumoso, pesado, sério e circunspecto. Em tempos era o motor ou winder, que permitia fotografar em sequência. “Obviamente que só um profissional podia assim gastar película!” Claro que tem que ser uma reflex. E com uma grande objectiva na frente.
Em cima um flash. Estes ainda não mudaram muito de configuração, continuando a ser a parte frágil a união deste com a câmara. Já ninguém usa um “cabeça de martelo”, lateral à câmara, e muito menos os de reflector redondo e lâmpadas ejectáveis.
Claro está que quem surgir com uma câmarazita de bolso, com um flash incorporado e sem uma correia de marca é um penetra, um “amador”, alguém “armado em”. A menos que tenha um ar retro, estilo Leica, em que é olhado com deferência pelos restantes.
Tamanho é documento!
No caso do vídeo é parecido, se bem que as tecnologias sejam mais rápidas nas mudanças de opinião.
Há as câmaras pesadas, fazendo o registo em cassete e com ligação ao resto do mundo por cabo até à antena parabólica que fará o salto via satélite para a estação emissora. Ninguém põe em causa quem aquilo faz.
Algumas destas substituem o complicado de manobrar cabo por um sistema de rádio. Mais liberdade de movimentos mas limitado por obstáculos como paredes e afins.
Segue-se lhe a miniaturização em modo pró: a comunicação com a estação já não é via satélite mas antes usando as redes de comunicação moveis dos telemóveis. Várias pens de banda larga repartem a imagem e o som entre si, garantindo a transmissão. Total autonomia, leveza do sistema. Dificuldade de comunicação se a cobertura no local da rede de telemóveis não for a melhor.
A juntar a esta redução de tamanho e autonomia, a própria câmara: metade do volume, menos que isso de peso, muito menos ainda de preço. Transportável num qualquer saco acolchoado, quando não em serviço o seu portador passa despercebido em qualquer lado. Claro que, de tão pequena que é de origem, que obriga a um sem número de extras acoplados, acabando por parecer e ser frágil na sua utilização. Ele é o visor, ele o projector de luz, ele é o transmissor, ele é o receptor rádio do micro, ele são as pens… quase que me recorda uma estação espacial, de tantos extras que trás.
Depois… bem, depois há a outra categoria de câmaras de vídeo: minorquinhas, compráveis em qualquer grande superfície, com um tripé ou monopé com a mesma origem, transportáveis em qualquer mochila de desporto ou escolar… algumas quase que são menores que o microfone sem fios que é usado. São os que alimentam com pequenos vídeos as páginas web de jornais e estações de rádio. Sem necessitarem de sistemas de transmissão que não um pequeno computador portátil (que viaja, eventualmente, na mesma mochila) e net,  a qualidade pretendida é a da web: as janelas são pequenas e a resolução exigida neste meio pelo público é reduzida.
São olhados meio de lado pelos outros, os da “tralha grande”: “O que vêem estes garotos ou garotas aqui fazer, ocupando um espaço que preciso p’ra minha câmara? Cresce na idade e no tamanho do “ferro” e depois a gente conversa. Entretanto, não atrapalhes!”

E são tantos os meios em uso, uns mais a dar nas vistas, outros bem discretos, porque são tantos os órgãos de comunicação, que é bem frequente ficar a dúvida se o “assunto importante” está à frente da objectiva ou se são elas mesmas que o fazem.

By me

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