sábado, 12 de outubro de 2013



Ainda há jornalista e directores com honestidade no que fazem.
No jornal I de hoje lê-se e é ilustrado desta forma:

O “Que se lixe a troika” organizou, no último ano, duas das maiores manifestações das últimas décadas em Portugal, a 15 de Setembro e a 2 de Março. A primeira manifestação foi convocada e organizada por 28 pessoas, a segunda por 120. Para o dia 26 de Outubro está a convocar uma nova manifestação, sob o lema “Que se lixe a troika! Não há becos sem saída!”. Esta convocatória é subscrita por mais de 650 pessoas, das mais diversas áreas profissionais e quadrantes políticos. O apelo fala-nos de escolhas simples, “Educação para todos ou só para alguns?”, “Saúde pública ou flagelo?”, “Transporte público ou gueto?”, “Constituição ou memorando da troika?”, “Cultura ou ignorância?”, “Pensões e salários dignos ou miséria permanente?”, concluindo com: “Nós ou a troika?”. Infelizmente, tenho de ocupar quase metade do artigo de hoje com esta introdução informativa, pela simples razão de que existe um silenciamento agressivo sobre esta manifestação. Durante esta semana, alguns dos subscritores da manifestação deram uma conferência de imprensa, num local em que Passos Coelho discursava, anunciando os mais de 650 subscritores. Os jornalistas estavam lá. Gravaram. Numa televisão passou como mais um protesto à passagem do primeiro-ministro. Noutros telejornais, a informação não passou.
Nos círculos do poder é corrente justificar-se o azar do 15 de Setembro como uma manifestação que foi levada ao colo pela comunicação social. Como se o facto de as pessoas serem informadas de um protesto as obrigasse a participar. Isto motivou que, antes de 2 de Março, Miguel Relvas tivesse uma agenda carregada de almoços com quem decide para desmotivar veleidades de jornalistas. Mas as grandoladas correram o mundo. Governo e Presidente da República nunca se pronunciaram sobre o 2 de Março.
Agora, o cerco do silenciamento está a apertar. Provavelmente, a esmagadora maioria não poderá escolher entre manifestar-se ou ficar em casa no dia 26 pela simples razão de que a informação não lhe chegará.

Tiago Mota Saraiva


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