sábado, 2 de abril de 2022

Nós e eles




“O céu é meu teto; a terra é minha pátria e a liberdade é minha religião”


Alguém escreveu esta frase num comentário numa rede social.

É tida como sendo o lema do povo cigano, nómada, escorraçado, maldito. Olhado de lado por todos aqueles que se amarraram a um pedaço de terra e que o não partilham com quem quer que seja, menos ainda se for “diferente”.

li-a há quase meio século e adoptei-a como minha.

Honra e respeito por aqueles que há muito foram escorraçados das suas origens, onde viviam tranquilos e que, até hoje, são mal recebidos por onde passam ou querem ficar. Mas que, contra tudo e contra todos, sem história escrita nem monumentos que venerem, conseguem manter uma cultura muito própria.

Se fossem ricos e avarentos, se negociassem em diamantes ou na usura, talvez hoje tivessem um pedaço de terra que chamassem de sua, com as grande potências mundiais a darem-lhes apoio encapotado.

Mas não sendo, são os párias do ocidente, olhados de lado e temidos como a peste.

E quem somos nós, descendentes de francos e latinos, mouros e gregos, numa mistura de culturas e credos, para ostracizar quem se manteve intacto ou quase durante mais de um milhar de anos?

Honra e respeito àqueles que, contra tudo e contra todos, legais ou religiosas, sobreviveram séculos de perseguições e malvadezas: os ciganos.

Revejo-me por completo no seu lema.


By me

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