sexta-feira, 1 de abril de 2022

Não gosto




Não que fosse bonito. Nunca achei que fosse. Mas era um marco nesta zona da cidade.

Em sendo questionado sobre onde ficaria algo, responderia-se que “Segue por ali e, em chegado ao prédio amarelo, é logo ao lado”.

Há uns anos, creio que por vontade dos proprietários e a anuência do município, mudaram-lhe a cor. De amarelo berrante, passou a branco respendecente ao sol. E não mudou para melhor, do meu ponto de vista.

É que, mesmo que não ofendendo os olhares, passou a ser mais um na urbe, no lugar de um icónico, como o do “totobola” em Santos, o “franjinhas”  mais abaixo ou outros que, sendo “feios”, servem de marco.

Marco na malha urbana, diferenciam-se da quase uniformidade da cidade e dos diversos bairros.

O sentido “estético” dos arquitetos e dos donos da obra, aliado às norma municipais podem escapar ao consenso dos cidadãos e ao seu “bom gosto”.

Mas a cidade é coisa viva, evolutiva, palpitante, prenhe de gente com diversas opiniões e gostos. E se nos ativermos a normas rígidas e atávicas, acabará por ser mais um daqueles bairros uniformes, em que somos obrigados a ler as placas topinímicas para não nos perdermos, de tão iguais que são as edificações.

Indo mais longe, bonitas nas maquetas mas aborrecidas e antissépticas de viver.

O prédio amarelo há anos que o deixou de ser. E há anos que desgosto da mudança.


By me

Sem comentários: