quinta-feira, 7 de abril de 2022

A mão de deus




Não é assunto sobre o qual me debruce com frequência. Aliás, é raro pensar nele. Mas, nos tempos que correm, como não vir à baila?

Refiro-me à eventual bondade das divindades.

Não sendo eu crente, a questão não se põe. Mas, colocando-me na posição de crente, e usando dos seus argumentos, pergunto como é que uma divindade – e há muitas por onde escolher – pode aceitar que em guerra morram e sofram crianças?

Aceito que, e por via do conceito do livre arbítrio, os adultos passem por isso. No fim de contas, são eles que pegam nas armas, que dão os apoios de retaguarda ou, em última instância, escolhem os líderes ou permitem que estejam nesse posto.

Donde, de uma forma ou de outra, os adultos ou jovens adultos são responsáveis pelo sofrimento que infligem ou sofrem.

Mas onde está a responsabilidade de crianças de tenra ou não tanto idade, ao serem estilhaçadas ou ficarem sob os escombros?

As divindades, a existirem, é suposto serem bondosas para com aquilo que criaram: os humanos. Perante isto, são-no?

E, note-se, não localizo a questão em nenhum ponto do globo em particular.

Claro que há um agora que alimenta os media, mas em muitos outros, perdidos no olvido conveniente do quarto poder, as crianças continuam a morrer, quer seja a tiro quer seja de fome devido aos tiros.

Perante isto, o meu agnosticismo pende muito seriamente para o ateísmo.


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