Esta fotografia foi feita no âmbito de uma acção de formação
de iluminação de estúdio que frequentei.
Teve uma componente teórica e uma componente prática, com
uma modelo para praticarmos. E cada um dos formandos escolheu o tipo de luz que
melhor entendeu. Esta foi uma das minhas abordagens que, como não poderia
deixar de ser, considera que a luz principal vem do lado de lá do assunto.
Preferências minhas que agora não irei desenvolver.
O que de facto acabou por ter graça foi demais fromandos,
bem como o formador, terem achado estranho, ou incomum, a objectiva que estava
a usar: uma velhota Tamron, de 90mm e completamente manual. Foco e exposição.
Estranharam o ser uma focal fixa, ou “prime” como hoje lhes
chamam, e o ser manual.
Tentei explicar-lhes que, e para além de estar habituado a
tal, gosto de ser eu a tomar decisões sobre o que capto (forma, conteúdo,
técnica) no lugar de deixar parte desse trabalhao ao “japonês inteligente” que
reside no interior da câmara.
Claro que os automatismos são úteis. Em momentos em que a
rapidez de acção é vital. O desporto é um bom exemplo.
Mas sendo que gosto de brincar com a luz e contrastes, ainda
não consegui que o tal japonês me adivinhe o que tenho em mente.
Por outro lodo, e apesar de não ser um especialista na
edição de imagem, conheço razoavelmente bem a câmara e o seu resultado, bem
como as ferramentas do editor que uso para, quando faço a tomada de vista, ter
uma noção muito aproximada do resultado final.
Já quanto ao serem focais fixas... bem, é uma prazer
pessoal. Gosto de, em vendo o assunto e decidindo o enquadramento e
perspectiva, escolher a objectiva que vou usar. Treino no olhar é importante e
eu gosto de me treinar e aprimorar. E, indo mais longe, se necessitar de
repetir de seguida porque algo não correu como gostaria, tenho a certeza que o
ângulo de visão é o mesmo que a anterior.
Como se isto não bastasse, nos meus inícios na fotografia,
as objectivas zoom eram não só dispendiosas como não muito comuns no mercado. E,
pese embora tenha sido uma zoom a primeira objectiva adicional que comprei,
sempre preferi a focais fixas.
O que acaba por ter graça é que ainda hoje, passados que são
quase dez anos sobre esta fotografia, a maioria prefere o uso de zoom. Talvez porque
se esqueçam ou não saibam que o corpo humano tem uma zoom perfeita, a dois
tempos: pé esquerdo e pé direito.
Ainda sobre esta fotografia, um detalhe adicional:
Dos diversos formandos presentes fui o único que sugeri uma
história para que o modelo interpretasse. Contei-lhe um motivo para ali estar,
o que eventualmente pudesse pensar a esse respeito e deixei que agisse em
conformidade. Os demais formandos fotografaram as poses que ela foi propondo e fazendo,
com a expressão, com os membros, com o corpo. Com uma reduzida cumplicidade
entre os dois lados da objectiva.
Por aquilo que pude ver do que fiz e do que fizeram os
demais, só comigo ela “ofereceu” o ombro esquerdo à câmara, como aqui se vê. O que
bate perfeitamente com a situação que lhe sugeri. Nos restantes trabalhos a
posição corporal ou foi frontal ou foi com o ombro direito um pouco avançado.
Para quem tiver curiosidade, sugiro que inverta esta imagem
e tente perceber como a história que conta é completamente diferente.
Os meus cinco cêntimos.
By me
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